Sandra Cristina Dimis
Bióloga - Mestre em Engenharia Ambiental
Analista Ambiental CISBRA
Utilizar copos plásticos e outros produtos semelhantes é mais fácil, prático e faz parte do dia a dia das pessoas. Eles estão presentes em quase todos os lugares: órgãos e locais públicos, estabelecimentos comerciais, eventos, feiras, e muitas vezes até em casa, quando você quer dar uma festa sem precisar lavar os copos depois, por exemplo.
Os copos plásticos são um problema bastante complexo. São responsáveis por gerar uma enorme quantidade de lixo que, na maioria das vezes, não tem nem seu descarte nem sua reciclagem feitos de maneira correta. Isso os torna um dos principais poluentes do meio ambiente da atualidade, ou seja, como é uma novidade criada pelo homem, nunca fez parte de nenhum micro-organismo capaz de digeri-lo uma vez que todo produto sintetizado pelos humanos é desconhecido pela natureza e reúne potencial para causar sérios danos ambientais.
Segundo dados da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública - ABRELPE a produção nacional é estimada em 96 mil de toneladas ao ano, que geram aproximadamente 10 mil empregos diretos. No Brasil são consumidos cerca de 720 milhões de copos descartáveis por dia.
O consumo de água durante fabricação de copos e pratos descartáveis é dez vezes maior que volume usado para lavagem de uma unidade. Além disso, tais descartáveis utilizam em sua produção materiais como o petróleo, que aumentam a emissão de CO2 e outros gases noviços à saúde, ou seja, um grande problema ambiental.
Pesquisas mostram que um copo do tipo leva centenas de anos para se decompor naturalmente. Mas o que acontece quando o produto chega à natureza? Primeira opção é ficar no solo em processo de decomposição, que pode durar em torno de 250 anos. Outro destino comum para esse resíduo é o oceano. Chegando lá, passa por um processo em que pequenos pedaços, conhecidos como microplásticos, se desprendem e são engolidos por pequenos seres marinhos, que acabam morrendo. O microplástico também tem a capacidade de absorver compostos químicos tóxicos, tornando-os ainda mais perigos. Atualmente, a quantidade de plástico em algumas regiões é tão grande que especialistas chegam a afirmar que esse tipo de material já faz parte da composição da água.
Economicamente, a reciclagem é, na prática, pouco viável. Primeiro porque os compostos químicos usados como matéria-prima para a produção de copos, como o poliestireno, são extremamente baratos. Segundo, pelo baixo preço pago às cooperativas pelo quilo de material reciclável, que vale em média R$ 0,20. Um copo plástico de 200 ml pesa aproximadamente 2 gramas, sendo assim necessário juntar 500 copos para a reciclagem de um quilo desse material, o que representa uma quantidade muito alta. Além disso, se não compactado, esse material pode ocupar uma grande área, trazendo grandes despesas em seu armazenamento. Soma-se ainda o fato de que a maioria dos copos são descartados sujos ou melados, afinal são jogados fora logo após seu uso. Cabe lembrar que esses materiais contaminados não podem ser reciclados, pois podem trazer riscos para o processo de reciclagem e para a saúde.
Assim, o ideal é reduzir ao máximo o consumo de copos descartáveis. Eles são feitos a partir de uma fonte não renovável e, possuem outras opções mais favoráveis ao meio ambiente. Sempre que possível, prefira copos ou xícaras que possam ser reutilizadas (vidros, porcelanas, etc). Garrafas reutilizáveis, como as de alumínio ou aço inox, também são boas alternativas. Outra o opção são os copos biodegradáveis. O produto é composto por materiais naturais e que causam menos impacto ambiental, como o amido de milho ou batata e ácido polilácteo, derivado da fermentação do açúcar. De acordo com os fabricantes, o produto desaparece da natureza dentro do período de três meses.
Proibir a aquisição dos copos descartáveis no âmbito da administração pública poderia reduzir a quantidade de resíduos produzidos e fazer com que as pessoas adquiram hábitos mais sustentáveis.
Se você realmente tem que usar um copinho, a maneira menos danosa ambientalmente de descartá-lo é reciclando-o. Para isso, deposite-o em lixeiras especiais de coleta seletiva reservadas para materiais plásticos e torça para que ele realmente seja reciclado. E aí vamos fazer a nossa parte?
Fonte: Ecycle